Morte de Estácio de Sá em 20 de fevereiro de 1567, quadro de Antonio Parreiras.
José de Anchieta ministrando os últimos Sacramentos a Estácio de Sá, ferido no rosto por uma flecha envenenada, sentado de cabelos brancos, Mem de Sá, o indígena em pé é Araribóia, na entrada segurando uma cruz está Manoel da Nóbrega.
Esta é a casa onde Anchieta nasceu que é conhecida como "Casa Verdugo" na ilha de Tenerife
Capa do livro Arte de Gramática da Língua Mais usada na Costa do Brasil escrito pelo Padre José de Anchieta
Filho de João Lopes de Anchieta, um revolucionário que tomou parte na Revolta dos Comuneiros contra o Imperador Carlos V, na Espanha; e um grande devoto da Virgem Maria. Sua mãe chamava-se Mência Dias de Clavijo y Larena, natural das Ilhas Canárias, filha de ex-judeus.
Muito jovem, Anchieta aprendeu a ler e a escrever ainda na ilha de Tenerife, além de noções básicas do latim. Freqüentou a universidade de Coimbra, onde aperfeiçoou seu latim, estudou dialética e filosofia, o que lhe facilitou o ingresso na Companhia de Jesus, recém fundada por Inácio de Loyola, um parente distante da família Anchieta (aos 17 anos).
Entre os jesuítas sua primeira atividade era ajudar na celebração de missas, e ele chegava a ajudar em mais de 10 missas por dia, trabalhando mais de 16 horas. Porém, tanta dedicação causou-lhe alguns problemas de saúde, que se agravaram e se transformaram em constantes dores nas juntas e ossos do corpo, principalmente na coluna. Imaginando que as dores eram provas divinas, o padre dedicava-se ainda mais ao trabalho. O resultado foram dores por lesões permanentes que o acompanharam por toda a vida. Por essas dores ele se interessou em embarcar para o Brasil,devido ao fato de o clima ser mais ameno que o da Europa.
Chegou ao Brasil em 1553, junto com outros padres que se opunham a Contra-reforma religiosa na Europa, que tinham em mente a idéia de catequizar os habitantes das novas terras descobertas. Ele veio na esquadra de Dom Duarte da Costa, Segundo Governador Geral do Brasil. Junto com ele, vieram mais 6 padres jesuítas, todos doentes.
Não encontrou a cura para seus males e dores, mas se dedicou a catequizar os índios brasileiros e para isso, foi viver no meio deles, aprende com o Padre Auspicueta as primeiras palavras do Abanheenga, língua geral dos índios tupis e guaranis, aprendendo seus idiomas, seus costumes e lendas. Ele foi o primeiro a perceber que existia uma raiz comum nos diversos idiomas indígenas falados em nossa terra. Ele, é que consagrou o termo "tupi", para designar a essa raiz comum entre os idiomas indígenas. a partir desse entendimento, ele elaborou a gramática da língua e assim ficou mais fácil compreendera os diversos ramos lingüísticos.
Ele escreveu muitas cartas que servem de estudo do seu período histórico no Brasil, que servem de referência até hoje e escreveu o livro Arte de Gramática da Língua Mais usada na Costa do Brasil.
O fenômeno da catequese da feita pelos religiosos aos povos indígenas é muito criticada pelos especialistas, visto que ela foi acabando lentamente com a cultura desses povos.
Ensinava latim português e latim para os índios, cuidava dos feridos, dava conselhos, escrevia poesias e autos em vários idiomas, inclusive o "tupi"; assim conquistou a confiança dos nativos. Ele é considerado por muitos como o fundador do teatro brasileiro, ele se inspirava nos autos do português Gil Vicente (foto abaixo a esquerda), nas festas, recepções e comemorações dos indígenas. Muitos consideram seu trabalho lírico, melhor que a do mestre Gil Vicente que o inspirou.
O Estilo de verso utilizado por Anchieta, é a "redondilha maior", versos de no máximo 7 sílabas e as estrofes são de 5 sílabas ou quintilha. As vezes ele se utilizava da "redondilha menor", versos ligeiros de 5 sílabas. Parece complicado, mas na época era uma forma muito popular de forma poética. A novidade de Anchieta era que na abertura e na finalização dos autos, ele se utilizava de danças, musica e canto, que corresponderia as cerimônias indígenas, ele se utilizava também passos de dança de origem espanhola e portuguesa além das indígenas, mas como o seu "público" aqui no Brasil era variado, compostos de portugueses degredados, índios e padres, seus autos faziam o maior sucesso. A foto a direita a baixo que eu sempre tive curiosidade em saber porque era tão utilizada quando eu era pequeno nos trabalhos escolares, é uma alusão a composição do Poema à Virgem Maria "De Beata Virgine Dei Matre Maria", que ele teria escrito na areia., durante um período de 5 meses em que foi mantido prisioneiro dos indios tamoyos em Ubatuba, São Paulo.
Ele andou bastante por onde são os Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e em 1554, por ordem do Padre Manuel da Nóbrega começou a construir o Colégio de São Paulo (foto a esquerda abaixo), que daria origem à cidade de São Paulo. Em 1555, no dia 25 de janeiro, foi rezada a primeira missa da fundação. Ali, Anchieta abrigou 13 padres jesuítas e vários alunos, praticamente todos indígenas. O local recebeu o nome de São Paulo, que era o santo cuja festa a Igreja comemorava naquele dia.
Em 1567, com a morte do Padre Manuel da Nóbrega, é nomeado Provincial do Brasil, o cargo mais alto da Companhia de Jesus. Como Provincial, viajou todo o Brasil orientando os trabalhos da Companhia de Jesus no Brasil.
Morte de Estácio de Sá em 20 de fevereiro de 1567, quadro de Antonio Parreiras.
José de Anchieta ministrando os últimos Sacramentos a Estácio de Sá, ferido no rosto por uma flecha envenenada, sentado de cabelos brancos, Mem de Sá, o indígena em pé é Araribóia, na entrada segurando uma cruz está Manoel da Nóbrega.
O cortejo fúnebre por ocasião da morte do Padre Anchieta,foi acompanhado por mais de 3.000 índios, num percurso de 90 quilômetros, de Reritiba até Vitória - ES.
Foi beatificado, ou seja, hoje o correto é chamá-lo de Beato José de Anchieta pelo Papa João Paulo II, no dia 22 junho de 1980, sem provas de seus milagres. O processo de beatificação já se arrastava por mais de 300 anos, a despeito do fato do "milagre" das "três almas salvas" onde em único dia ele conseguiu converter ao cristianismo um homem a morte (o índio Diogo em Santos - SP), um velho e um menino deficiente mental...
BEATIFICAÇÃO DE JOSÉ DE ANCHIETA PELO PAPA JOÃO PAULO II
Fonte: www.bairrodocatete.com.br